Cais da Língua
Quase me despedi para sempreEram tristes e realizados seus olhos, já os meus eram cegos e enganadosFoi ali mesmo entre os batentes da rodoviária que aprendi a ser único e sóAprendi que você não é Deus e eu não sou o cãoSimplesmente passei a crer que minha vida não passa de um rostoFiz como Iemanjá e devolvi todos os presentesNegando seu pedido mudo de perdão
Cais da Língua
Como se num lapso despertasse
Passei a ver morte nos olhos viris
Nos olhos viris vi até mesmo meus olhos
Meus lábios e meu respeito
Vi a sombra suplicar calor
E hei de ver a mudança da muda
Pra rua da esquina
Pro quinto dos infernos
Passei a sonhar o que em mim era sonho
Despertei o sonho em mim
Não sendo infinito
Caí em desordem
E por mim que não levante.