Cais da Língua

Quase me despedi para sempre
Eram tristes e realizados seus olhos, já os meus eram cegos e enganados
Foi ali mesmo entre os batentes da rodoviária que aprendi a ser único e só
Aprendi que você não é Deus e eu não sou o cão
Simplesmente passei a crer que minha vida não passa de um rosto
Fiz como Iemanjá e devolvi todos os presentes
Negando seu pedido mudo de perdão
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Cais da Língua


Como se num lapso despertasse
Passei a ver morte nos olhos viris
Nos olhos viris vi até mesmo meus olhos
Meus lábios e meu respeito
Vi a sombra suplicar calor
E hei de ver a mudança da muda
Pra rua da esquina
Pro quinto dos infernos

Passei a sonhar o que em mim era sonho
Despertei o sonho em mim
Não sendo infinito
Caí em desordem
E por mim que não levante.
Cais da Língua

Resolvi sair de preto hoje
Sem as armas de Jorge
Sem as malas de Bete
Com as relíquias no peito
Preto-lembrança
preto-saudade
Preto-verdade

Tudo passado púrpura
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Cais da Língua

Parei um pouco e sucumbi-me
Visto que era apenas sombra e morte
Depus a pintar-lhe o álbum de fotografias
Cada uma com sua pesada lembrança
Acomodada no sorriso frenético do palhaço
Esquecida na poeira asmática.
Cais da Língua

Pare com o abismo
Tome o rícino
De dentro do peito
De fora da alma
Pra você absurdo
Qualquer coisa queimada
Qualquer folha arrastada
No sol
Nos faróis do carro
Que tu amas e goza sem frescor
Cais da Língua

Faltam-lhe alguns dentes
Faltam-me alguns fios

Tudo preso na sua idade
Tudo solto em mim


Quero um colar de bolinha
Nada muito fresco
Dentro de um frasco
Com acabamento vermelho

Da cor do nosso céu
Cais da Língua

Enquanto o sono não chega
O que resta é juntar-me ao mundo
Na palavra escrita
Na risada dita por mim
E por mim que eu não durma
Vou continuar a juntar-me ao mundo
[Que é o meu portão]
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Cais da Língua

Pra você meu bem

A raiz do mundo

A raiz do dente

Qualquer que seja a raiz

É pra você meu bem


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Cais da Língua

l

No desafio da vida talvez a luta não te compreendesse
Mas é que você já não me santifica mais
Queria seu passado sem frestas
Agora vejo fotos felizes e morro na boca do destino
Costurado a farpas e ferros
Na carne
No osso


Que venha a vermelhidão dos lábios
Sinal de mudança
Resquício da alma
Contato com o Deus
A morte seria um quebra-cabeça?!

Eu sou, pedra no mundo
escarlate em seus olhos

Nem vejo mais fúria
só o desdém apático da sua sombra
Maltrapilha
vertiginosa e simples
como se a casca pensasse ser forte
Como se eu fosse ela


ll


o terço acompanha a missa
perdão te fiz, amor
perdão te peço amor
quero seu peito
cravado na cama
feita de fios
e rasga mortalhas
Cais da Língua




Já não cabe mais tudo em nós
As duas partem já unidas
Transbordam talvez o fôlego da alma
Ringindo os dentes
Criando força para não matá-los [sufocados]
Na adversidade da vida
No choro da criança
Nos lençóis de graxa
Púrpura da cor do mar
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Cais da Língua

Enquanto os ruídos das bocas voavam

Eu pensava em festas e rostos sobre máscaras
Sua mensagem veio tirando-me do silêncio profundo
Forçando a mente a falar


Criando no seio um simples acaso
Cais da Língua


Mais uma vez a saudade me aconchega. Triste companhia. Eu não quero ser passado nem recordação, quero é está colado na carne, visgado na alma.
Seria melhor se não fosse, mas já que vai que tenha todas as forças, iguais aos guerreiros dessa nova terra.
Que seja acolhida, pois também você é filha do ventre.
Que aguente o que virá o que já veio e o que desbravar, entre os solenes eu que te quero, você será pedra dentre os colares, o mais precioso.
Não importam as dores, como tudo que se repete, iremos nos reencontrar, está no dèja vú da vida, no ciclo.
Eu e você nesse qualquer lugar do mundo. Talvez a passagem das cores...
Por onde andei?
Cais da Língua
Boomp3.com
Cais da Língua
Parece-me que algo me foi roubado
Não o seu amor muito menos o meu peito
Talvez a essência de tudo
Sem consolo e culpa
Cais da Língua


Parece-me que algo me foi roubado
Não o seu amor muito menos o meu peito
Talvez a essência de tudo
Sem consolo e culpa.

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