Cais da Língua

Parei um pouco e sucumbi-me
Visto que era apenas sombra e morte
Depus a pintar-lhe o álbum de fotografias
Cada uma com sua pesada lembrança
Acomodada no sorriso frenético do palhaço
Esquecida na poeira asmática.
Cais da Língua

Pare com o abismo
Tome o rícino
De dentro do peito
De fora da alma
Pra você absurdo
Qualquer coisa queimada
Qualquer folha arrastada
No sol
Nos faróis do carro
Que tu amas e goza sem frescor
Cais da Língua

Já não cabe mais tudo em nós
As duas partem já unidas
Transbordam talvez o fôlego da alma
Ringindo os dentes
Criando força para não matá-los [sufocados]
Na adversidade da vida
No choro da criança
Nos lençóis de graxa
Púrpura da cor do mar
Cais da Língua

Enquanto os ruídos das bocas voavam
Eu pensava em festas e rostos sobre máscaras
Sua mensagem veio tirando-me do silêncio profundo
Forçando a mente a falar
Criando no seio um simples acaso
Cais da Língua


Mais uma vez a saudade me aconchega. Triste companhia. Eu não quero ser passado nem recordação, quero é está colado na carne, visgado na alma.
Seria melhor se não fosse, mas já que vai que tenha todas as forças, iguais aos guerreiros dessa nova terra.
Que seja acolhida, pois também você é filha do ventre.
Que aguente o que virá o que já veio e o que desbravar, entre os solenes eu que te quero, você será pedra dentre os colares, o mais precioso.
Não importam as dores, como tudo que se repete, iremos nos reencontrar, está no dèja vú da vida, no ciclo.
Eu e você nesse qualquer lugar do mundo. Talvez a passagem das cores...
Por onde andei?